O Antônio está preocupado. Sua esposa, a Lina, está muito nervosa. Agitando um dos sapatos no ar, procura, deseperada, o outro pé. Está atrasada, vai perder o ponto. A culpa é do paspalho do marido, que deixa tudo desarrumado. Deve ter enfiado o calçado em algum lugar. Não serve para nada mesmo. E finge que não está ouvindo, que não tem nada a ver com isso. Nunca tem, é desligado, não presta atenção em nada:
-Por que está aí olhando com essa cara de idiota? Pofr que não ajuda a procurar? Não serve para nada, mesmo!
O marido abaixa os olhos, sabe que a melhor coisa é ficar quieto. Se falar, a briga de um só vai virar de dois, tudo vai escalar, vai ser problema para uma semana toda. No entanto, arrisca:
-Amorzinho, o outro pé, que você está procurando, já está calçado. Junto com o outro, na sua mão, formam um par.
É verdade que havia um certo sarcasmo, mas ele falou tudo com muita humildade.
A Lina parou, olhou para os pés e viu o óbvio como nunca tinha visto antes. Houve, então, uma mistura de alívio, de humilhação e não se sabe mais o quê! Foi por pouco tempo. Logo se voltou furiosa contra o companheiro:
-É o mesmo de sempre! Além de não fazer nada, não ajudar em casa, ainda quer humilhar a esposa! Quem você pensa que é? Pensa que sou burra, que estou louca? Você sim é que é um desajustado.
O Antônio pensou em enumerar as tarefas todas que fazia em casa, além de trabahar fora. Na última semana, ele tinha até feito mais coisas que ela! Refletiu, porém, e viu que era uma batalha perdida. Saiu, esgueirando-se pela parede e foi caminhar um pouco. De longe, no entanto, ainda podia ouvir a Lina aos brados...
Que mulher!
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Published on e-Stories.org on 12/07/2018.
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