UTOPIA-LUMBRE

... um sinal, um golpe inusitado,
uma explosão sideral e enorme, extraordinária,
um relâmpago consciente e magnífico de alto esplendor, parente e inteligente,
E os elétrons e núcleos da energia do mundo se aproximando,
vendo-se e olhando-se pela primeira vez, reconhecendo-se, intuindo-se e abraçando-se;
ah a luz utópica desse instante invicto,
[um pressentimento divino enunciando, chorando e, cosmicamente, se emocionando]
porque oh, oh quando o amor se expressa sem baús, sem paredes nem cadeados e brilha e brilha,
já que há tanta e tanta alegria, e tanta e tanta alegria e ainda desconhecido...
...no estrondo da matriz - aqui dentro e aqui embaixo - entre esta frequência densa e mineral,
Através de lares e lares o ar se aglomera entre corpos antigos, mortes e almas,
exigindo leis ou fúrias para xingar ou rir, ou apenas e somente tossir ou chorar,
  Então deixe a escuridão ainda nos dominar com seus profundos transes de inconsciência,
- Assim nos dobra e nos amarra, e assim nos atrai e nos cinge de usura -
como pó de ira e fúria em sombra áspera, suspensão tão crua e densa;
...e no entanto, e apesar de tudo,
contra o ímpeto e o jugo daquela velha escola de barulho e agraz,
entre as águas serenas que correm, entre o leve assobio do vento e o enorme canto do mar,
há a luz;
... um sinal ou sinal,
um golpe sideral ou pedágio,
um relâmpago consciente - digo - com nova lei e seu esplendor,
um algoritmo civil, um gesto, uma voz, um grito imaculado de alarme,
um enigma esclarecido aqui e agora, sob um alarido inebriante e universal,
uma voz com piedade de compaixão, um estrondo ou ser de amor, verdadeiro e inteligente enfim, enfim.
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Antonio Justel-Rodriguez
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